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A Síndrome do Pânico e a visão de Freud sobre a ansiedade

Universidade de Brasília

Disciplina: Psicologia da Personalidade Turma: E

Professora: Elisa Walleska Krüger Costa

Aluno: Marlin Leite Palheta Matrícula: 13/0125865

A Síndrome do Pânico e a visão de Freud sobre a ansiedade

Deseja-se, aqui, discorrer acerca da chamada síndrome do pânico,

além de trazer, ao campo dialético em questão, as ideias de Freud, e suas

ideias acerca do estado ansioso. É importante perceber que a pós-

modernidade, com o desenvolvimento de teorias acerca do transtorno de

pânico, não está muito longe da visão que Freud tinha acerca de um quadro

ansioso e da possível composição psíquica deste. Assim, muito do que se

entende hoje por ansiedade está ligado à linguística de Freud, isto é, à

significação das palavras que ele usava, além dos fatores que o levaram a

usar tais palavras, ao invés de outras.

No Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque (1986),

encontra-se o significado de ansiedade ligada à angústia. Além disso, a

origem do termo alemão Angst remete à raiz Angh, que traduzindo seria

“apertar” ou “comprimir”. Tais palavras eram comumente usadas por Freud

em sua literatura. O que se entende então, é que a sensação da ansiedade é

ligada à angústia, à inibição, ou mesmo repressão, e logo, ao sofrimento

psíquico.

Dada a estrutura dinâmica das emoções, pode-se pensar que qualquer

perturbação do sistema nervoso, isto é, qualquer desregularidade de seu

funcionamento, poderá refletir-se no físico da pessoa. A somatização se trata

exatamente disso, de uma repressão das excitações internas desenvolvidas

por uma perturbação, a qual ressona pelas vias respiratórias, digestivas e

circulatórias da pessoa.

Se a emoção original foi descarregada não através de um reflexo

normal, mas por um reflexo ‘anormal’, este último é igualmente liberado pela

lembrança. A excitação decorrente da ideia emotiva é ‘convertida’ numa

manifestação somática (FREUD, 1895).

A somatização liga-se à ansiedade no momento em que se percebe um

estado “explosivo” de emoções, originadas de uma repressão anterior, a qual

seria causada pelo recalque. Esse estado explosivo estaria ligado a um medo,

a uma repulsa, ou asco em relação a ideias perturbadoras ainda não

superadas na mente.

Em O inconsciente (FREUD, 1915), o recalque aparece como

mecanismo para evitar o afloramento de pulsões, impedindo que o

representante ideativo se torne consciente. Dessa maneira, é preciso um

trabalho psíquico que leve a uma formação de compromisso, possibilitando

que o retorno do recalcado se manifeste como sintoma em que a angústia é

seu afeto. (BICALHO, 2009)

A Síndrome do Pânico, chamada também de transtorno de pânico ou

ainda, num termo mais técnico, ansiedade paroxística episódica, define-se por

ataques recorrentes de uma ansiedade grave, e que não se restringe a

circunstâncias particulares, isto é, são imprevisíveis. Na sintomatologia

encontram-se variações dadas de organismo para organismo, segundo suas

peculiaridades, no entanto, fala-se aqui numa linha padrão de sintomas

dominantes, como palpitações, dor no peito, sensações de choque, tontura e

sentimentos de irrealidade (despersonalização ou desrealização). Quase

invariavelmente há também um medo secundário de morrer e perder o

controle a ponto de se chegar à loucura.

Em um segundo momento, Freud se opôs à própria teoria: disse que

ao invés do recalque causar a angústia, a angústia se tornaria a causa do

recalque. Assim, ao observarem-se as funções do ego, detectam-se

desequilíbrios que dão origem às diferentes afecções neuróticas. “A inibição é

a expressão de uma restrição de uma função do ego” (FREUD, 1925).

Freud definia a ansiedade como uma ameaça ao Ego. Ele a classificou

de duas formas, ansiedade neurótica e a moral. A primeira envolve um

conflito entre o Ego e o Id, enquanto que a segunda representa um conflito

entre o Id e o Superego. Desse modo, em todo caso, a ansiedade representa

um fator gerador de tensão. (SCHULTZ Duane, SCHULTZ Sydney, 2013,

p.50)

Sobre o perigo real, isto é, aquele medo em frente a um perigo tangível

podem gerar as reações de defesa e fuga. A ansiedade em demasiado seria

um medo em frente ao real, mas com a intensidade da reação

desproporcional ao perigo. Este seria um elemento neurótico.

Aqui é abordada com propriedade a angústia realística – uma reação

que nos parece compreensível diante de um perigo – e a angústia neurótica –

reação enigmática particular e aparentemente desproporcional. (BICALHO,

2009)

A angústia neurótica é vista sob três aspectos: forma livre, forma

vinculada e forma histérica. A forma livre pode ocorrer a qualquer momento, e

denomina-se como fobia A segunda é aquela na qual a pessoas se fixa em

determinadas ideias, gerando então a obsessão. Por fim, na forma histérica, a

angústia coincide com o sintoma e fixa no corpo (conversão) ou surge

independente como um ataque.

Observando-se a contemporaneidade, o homem tem um instrumental

tecnológico às suas mãos no qual conceitos de distância e tempo estão

profundamente alterados. A satisfação imediata é cada dia mais ansiada.

É importante ressaltar que, em decorrência dessas transformações

psicossociais, observa-se que o diagnóstico de síndrome do pânico tem

aumentado e chama a atenção de múltiplos setores estudiosos do assunto.

A necessidade de tamponamento da angústia cria o efeito “panela de

pressão” que, quando rompe, traz essa percepção de morte iminente

(síndrome do pânico)? (BICALHO, 2009)

Uma questão importante é a impotência do homem contemporâneo de

conviver com a angústia. Parece causar transtornos conviver com o

deslizamento de um afeto até o real e daí ver o surgimento da angústia. A

fantasia, desse modo, é insuportável quando desmascarada.

Raciocínio como o citado nos remete ao desejo de que a vida não

tenha inconstâncias e que sejamos todos seres completos e perfeitos. Melhor

dizendo, narcísicos.

Não procurar a gênese dos vários sintomas da chamada síndrome do

pânico é desprezar o sujeito e o seu desenvolvimento psíquico.


REFERÊNCIAS

FREUD, S. Estudo sobre a histeria. ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1974,

v. II.

FREUD, S. A história do movimento psicanalítico. ESB. Rio de Janeiro:

Imago, 1974, v. XIV.

FREUD, S. Conferências introdutórias sobre psicanálise. ESB. Rio de

Janeiro: Imago, 1974, v. XVI.

FREUD, S. O ego e o id. ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1974, v. XIX.

FREUD, S. Inibições, sintomas e ansiedade. ESB. Rio de Janeiro:

Imago, 1974, v. XX.

BICALHO, C. Síndrome do pânico: angústia avassaladora? Quadro

nosológico?. Belo Horizonte: Estudos de Psicanálise, 2009, n.38.

Schultz, D., & Schultz, S. Teorias da Personalidade. São Paulo, SP:

Cengage Learning, 2013, p.50.


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