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Universidade de Brasília – UnB

Instituto de Psicologia – IP

Departamento de Psicologia Clínica – PCL

Disciplina: Psicologia da Personalidade

Professora: Elisa Walleska Kruger Alves da Costa

Aluna: Jheniffer Rabêlo Cunha


Segundo a teoria Freudiana, a projeção é um estado de defesa de realidade pessoal, onde o indivíduo tende a projetar suas experiências não vividas, reprimir seus defeitos ou mesmo aspirações não alcançadas em uma outra pessoa. De certa forma, é um modo facilitado de se posicionar no mundo, evitando confrontos internos, protegendo o ego e diminuindo ansiedades e cobranças pessoais. O que acarreta na cobrança do outro, na maioria das vezes, de maneira inconsciente. Nem sempre essa projeção ocorre de um modo ruim, pois a projeção no outro pode ser de uma pessoa querida que tenha morrido, de uma pessoa que é tomada como exemplo. De certo modo, pode ser ruim por causa da expectativa exacerbada em uma pessoa. E também da pressão sentida por ter que ser aquela pessoa que o outro espera. É no fim, um círculo de expectativas e de pressão em que as pessoas se prendem. E a que custo?

A projeção é muito comum entre familiares, principalmente entre a relação pai e filho(a), mãe e filho(a). O pai que queria ser o jogador de futebol famoso ou a mãe que gostaria de ser uma médica renomada. Esse desejo interno dos pais acaba sendo projetado nos filhos, onde o pai já inicia o filho numa escola de futebol, incentivando o filho a assistir jogos de futebol para descobrir as táticas dos craques de futebol. Esse tipo de prática acaba não se tornando tão venenosa, pois o estímulo não é incessante, forçado. O problema mora em fazer o coitado do filho passar horas assistindo os jogos do Zico e do Pelé e que ele pratique pelo menos a maioria durante os jogos amistosos sub 12, enfeitar o quarto do filho com os ídolos do futebol brasileiro, e simplesmente fazer o mundo do filho girar em torno do futebol. Essa imposição de identidade acaba tornando o filho castrado para que ele possa ter suas próprias ideias e podendo, no fim, acabar se questionando do por que jogar futebol. De onde surgiu essa vontade? O que me leva a gostar de futebol? Porque isso se torna um fator importante para a minha vida? E no fundo, saber exatamente quais são as respostas que tanto procura. Pode ser que o filho goste das mesmas coisas que o pai, mas pode ser que não. Somos todos diferentes geneticamente. E mesmo quando há semelhanças genéticas (gêmeos), ainda assim vemos o mundo de forma diferente. Nossos olhos enxergam uma planta e podem fazer n conexões neuronais. E na maioria são diferentes. O cheiro da planta pode remeter ao chá que tomava na infância com a avó, ou simplesmente lembrar de terra molhada. Freud explica que a projeção permite proteção ao indivíduo que reprime seus pensamentos. Porém, o autoconhecimento seria a chave para evitar muitos transtornos derivados não somente desse tipo de proteção, mas de inúmeros outros.

No filme Cisne Negro, temos duas personagens emblemáticas, a bailarina Nina, interpretada pela atriz Natalie Portman, e a mãe de Nina, interpretada pela atriz Erica Sayers. A mãe de Nina era uma bailarina que se aposentou sem ter feito muito sucesso. A filha, desde cedo foi inclusa no mundo do balé. Apesar de adulta, Nina ainda possui um quarto infantilizado, recheado de ursos de pelúcia, pintado de rosa, entre outras coisas.

Durante o processo seletivo do papel principal para ser o cisne branco e negro, Nina consegue o papel, mas precisa começar a se desprender da sua personalidade imposta pela sua mãe, pois para interpretar o cisne negro, ela teria que entrar em contato com uma face desconhecida de si mesma, uma Nina sexy, ameaçadora, imponente. Já para o cisne branco, ela apenas precisava ser aquilo que a mãe a tinha moldado. No cisne negro foi onde morou o perigo. A mãe a havia a tratado como uma garotinha o tempo todo. Inclusive em uma parte do filme, a mãe dá banho na filha, troca suas roupas e corta as suas unhas e a põe para dormir.

Essa relação de projeção doentia havia cercado Nina de uma forma sufocante. Ao decorrer do filme, Nina passa a perceber o envolvimento perturbador que tinha com sua mãe, no qual o ato de masturbação foi-lhe repreendido pela mãe. O que pode sugerir um envolvimento sexual não resolvido por parte da mãe, que acaba influenciando na vida sexual da filha também. No fim, Nina não consegue mais lidar com sua relação materna e nem mesmo consigo mesma. Ela não tinha um meio termo (ego) para poder controlar suas emoções extremas (superego e id). Ser o cisne branco, aquilo que sua mãe a moldou para ser, era impalpável. Ser o cisne negro, era demais, era um confronto interno que ela não tinha condições psicológicas para lidar. Ela morre em seu ato de perfeição, à procura de ser o ideal.

Esse filme relata uma projeção maternal intensa na sua filha desde criança, na qual Nina viveu a vida idealizada por sua mãe. O pior é não saber que está sendo potencialmente influenciada pela pessoa que mais ama, que acaba no fim, odiando tanto quanto amando. O outro lado da moeda é ainda pior, porque a mãe acredita que essa é a melhor maneira de ser mãe. Talvez devido à ausência paterna, ou de outro familiar próximo, a situação tenha passado do controle. Afinal, até que ponto os pais podem ou não influenciar nas escolhas dos filhos? Nina foi criada como uma menina até sua idade adulta, viveu a vida da mãe e pagou o preço de não ter conseguido obter conhecimento de quem era, de quem era a real Nina. Ela apenas voou para os braços de seu lado mais selvagem e desconhecido e suas penas não suportaram o voo – o voo de um cisne negro.

Referências Bibliográficas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Proje%C3%A7%C3%A3o_(psicologia), Acessado em 04/11/2015, às 12h15.

http://danizudo.blogspot.com.br/2011/01/interpretacao-oculta-do-filme-cisne.html, Acessado em 04/11/2015, às 15h.

http://www.psicosmica.com/2013/02/cisne-negro-uma-aula-de-introducao.html, Acessado em 04/11/2015, às 15h10.

http://www.psicologiafree.com/curiosidades/projecao-as-coisas-nao-sao-como-sao-sao-como-somos/, Acessado em 04/11/2015, às 14h.


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